quarta-feira, 6 de julho de 2011

Audiencia Pública - Frente Parlamentar Têxtil em Curitiba/PR

Audiencia Pública - Indústria têxtil pede igualdade de condições para concorrer com importados
Audiência pública em Curitiba debateu medidas necessárias para garantir a sobrevivência do setor, um dos que mais emprega no país

O Brasil precisa fornecer subsídios a sua indústria têxtil e de confecção para que ela possa competir em igualdade de condições com os produtos importados que ameaçam a sobrevivência do setor. Essa foi a principal conclusão da audiência pública da Frente Parlamentar Mista José Alencar para o Desenvolvimento da Indústria Têxtil e de Confecção do Brasil realizada nesta terça-feira (5), na sede da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em Curitiba. O encontro, que foi o primeiro realizado pela Frente fora de Brasília este ano, contou com a presença de empresários e integrantes de entidades representativas das indústrias e dos trabalhadores do segmento.
Para o vice-presidente da Fiep, Edson Luiz Campagnolo, que é empresário do setor e representou a entidade na audiência pública, a união da indústria do vestuário é fundamental para conseguir mudanças que melhorem o panorama atual. “Nosso setor tem sofrido uma das concorrências mais desleais com produtos importados. A água já passou do pescoço e o setor não aguenta muito mais tempo. Por isso é necessário acelerar esse processo de levantamento das demandas de cada estado para que, mobilizados, possamos levar as reivindicações ao governo federal”, disse Campagnolo.
O deputado federal Zeca Dirceu (PT), coordenador da Frente Parlamentar no Estado, afirmou que as demandas levantadas durante a audiência pública em Curitiba serão levadas ao governo federal e aos mais de 260 congressistas que compõem o grupo. “O setor do vestuário é importante para o Paraná e vem ajudando o país a crescer. Mas ele precisa de ajuda para que possa sobreviver”, disse Dirceu. “Neste ano, o governo federal já deu uma atenção concreta e verdadeira ao nosso trabalho, mostrando-se sensível às necessidades do setor”, acrescentou.
Também participaram da audiência o deputado estadual Elton Welter (PT) e o coordenador de relações institucionais da vice-presidência da República, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, que foi coordenador da Frente Parlamentar no Paraná.


Cenário – Durante a reunião, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Aguinaldo Diniz Filho, apresentou um amplo panorama do setor. O principal problema, segundo ele, é a forte concorrência que a indústria nacional vem sofrendo com produtos vindos de países que subsidiam a produção e exportação de peças de vestuário. Prova disso é que a balança comercial do setor vem registrando déficits há 5 anos. No ano passado, por exemplo, as importações de vestuário superaram as exportações em U$ 3,5 bilhões. Para 2011, a previsão da ABIT é que esse valor salte para U$ 5,2 bilhões. “Nossa estimativa é que, com mais esse déficit, a indústria têxtil e de confecção brasileira deixe de gerar 200 mil postos de trabalho este ano”, alertou Diniz Filho.
A geração de emprego no setor, aliás, é um dos principais argumentos utilizados pela ABIT na defesa de medidas que garantam competitividade ao segmento. “Hoje, nossas 30 mil empresas geram mais de 8 milhões de empregos diretos e indiretos. Somos um setor alavancador do primeiro emprego e o principal contratante de mulheres chefes de família”, diz o empresário. Diniz Filho citou ainda um levantamento do BNDES, que apontou que a cada R$ 10 milhões a mais no faturamento do setor, são gerados 1.382 novos empregos.
Para possibilitar esse crescimento, a ABIT defende que o Brasil equalize algumas questões apontadas como “limitadores da competitividade”. Entre elas, a carga tributária, a deficiência na defesa comercial, o custo de capital elevado, o custo da infraestrutura e o desequilíbrio cambial, que contribui para o aumento das importações.

Apesar das dificuldades, Diniz Filho acredita em mudanças para o setor. Segundo ele, isso ficou claro em recentes reuniões promovidas pela Frente Parlamentar e pela ABIT com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. “O que mostramos a eles é que não queremos favores ou benefícios. A ABIT não é contra as importações, mas queremos uma competição igualitária”, concluiu.


União – A audiência pública desta terça-feira contou também com a participação de representantes dos trabalhadores do setor. A presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados (Conaccovest), Eunice Cabral, também ressaltou a necessidade de união dos diferentes atores para a defesa da indústria têxtil nacional. “Só vamos conseguir avançar se atuarmos de forma tripartite, com a união de trabalhadores, empresários e governo”, declarou. Segundo Eunice, a perda de competitividade do setor já é sentida pelos trabalhadores. “Trabalho há mais de 40 anos no setor e aprendi tudo o que sei dentro da fábrica. Hoje, os empresários já não têm mais como fazer esse treinamento por causa da perda de competitividade”, contou.
A opinião é compartilhada pelo empresário Marcelo Surek, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Paraná (Sinditêxtil). Ele afirmou que, atualmente, as empresas não têm condições de pensar em novas tecnologias que aumentem a produtividade. “Hoje temos que nos preocupar em sobreviver. Queremos condições para preservar os empregos, com nossas empresas crescendo, e é a união que vai fazer com que o governo se sensibilize para agir em prol de nossas indústrias”, afirmou.

FONTE: HNEWS http://textileindustry.ning.com/forum/topic/show?id=2370240%3ATopic%3A151588&xgs=1&xg_source=msg_share_topic

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